quarta-feira, 8 de junho de 2011

II.2.3 – Afectividade e sexualidade

Documento 7 - Ternura, poema de David Mourão-Ferreira (1917-1996)


Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!



Fonte: Mourão Ferreira, D. (2009). Ternura. Consultado em 10 de Maio, 2011. Disponível em http://blogrenatapoesia.blogspot.com/2009/09/ternura-poema-de-david-mourao-ferreira.html

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