Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...
Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...
Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!
Fonte: Mourão Ferreira, D. (2009). Ternura. Consultado em 10 de Maio, 2011. Disponível em http://blogrenatapoesia.blogspot.com/2009/09/ternura-poema-de-david-mourao-ferreira.html
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