quarta-feira, 8 de junho de 2011

II.3.1 – Peculiaridades estruturais e demográficas da família portuguesa

Documento 10 - Estrutura e Tipos de Família


O número médio de pessoas da família tem vindo a diminuir progressivamente. Em 1920 era de 4,2; em 1930 baixou para 4,1; em 1960 era já de 3,7; baixou para 3,4 em 1980; em 1991 era de 3,1 e no último censo de 2001 situava-se em 2,8. As causas são conhecidas e estão relacionadas com a queda da natalidade e da fertilidade. De facto, analisando apenas a última parte do século XX, verificamos que a taxa de natalidade baixou de 19,1 para 11,8 entre 1975 e 2000, e a taxa de fertilidade que era de 3,1 em 1960 atingiu o valor mais baixo do século XX em 1999 com 1,5.
Se olharmos agora para os vários tipos de família, de acordo com o último censo em 2001, temos a seguinte tipologia: (1) casais com filhos – 64,8% do total de casais; (2) famílias unipessoais – 17,3% do total de famílias; (3) famílias monoparentais – 11,5% do total de núcleos familiares; famílias reconstruídas – 2,7% do total de casais com filhos. As famílias monoparentais que aumentaram relativamente ao censo anterior são na sua maioria constituídas pela mãe e pelos seus filhos e resultaram geralmente de separações e divórcios. Outras tiveram origem na morte de um dos cônjuges. A Grande Lisboa é uma das regiões onde se verifica a maior percentagem, atingindo os 16,9% do total de núcleos familiares.
No caso das famílias unipessoais, elas são constituídas por pessoas solteiras, divorciadas, separadas ou viúvas, mas predominam as pessoas viúvas, principalmente mulheres. O facto explica-se sobretudo por duas razões. A primeira é que no caso das pessoas viúvas os homens mostram maior tendência para casar de novo, a segunda está relacionada com o facto de a esperança média de vida ser mais elevada nas mulheres do que nos homens, o que leva a que 39,5% das famílias unipessoais sejam mulheres idosas que vivem sós. O número das famílias reconstruídas parece estar em aumento, tendo-se registado em 2003 uma percentagem de 14,1% de casamentos com filhos não comuns ao casal.
Alguns estudos em países da União Europeia têm chamado à atenção para um novo tipo de relacionamento conjugal conhecido na terminologia inglesa por LAT (Living-apart-together). Trata-se de casais que não tendo ambos qualquer outro vínculo conjugal, decidem fazer vida em conjunto, mas vivendo cada um na sua casa. Em Portugal não se conhece ainda a dimensão deste fenómeno.
Quanto a novas formas de família originadas na relação entre duas pessoas do mesmo sexo, elas não são referidas nas estatísticas. Segundo o inquérito realizado pela Fundação Bom Sucesso, a nível nacional, em 1999, a percentagem dos homens que respondeu ter tido relacionamento sexual exclusivamente com pessoas do mesmo sexo foi de 0,9% e no caso as mulheres de 0,6%. O número de casais homossexuais não será portanto muito elevado.
Por outro lado, existe uma atitude negativa na sociedade portuguesa face à homossexualidade, sendo apenas de 11,8% os que achavam aceitável o relacionamento sexual entre homens e de 26,2% os que achavam parcialmente aceitável. No caso do relacionamento entre mulheres, a percentagem era, respectivamente 12% e 28,5%.


Fonte: Amaro, F. (2004).  A Família Portuguesa Tendências Actuais. Consultado em 5 de Abril, 2011. Disponível em http://ww3.scml.pt/media/revista/rev_14/Familia_portug.pdf

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